domingo, 5 de outubro de 2014

por ser sentir

Há algo sobre você e
você sobre algo 
que incita o azul das coisas.
Há algo sobre pintar as coisas que,
por sentir, e,
por ser sentir o que somos -

vem e busca o significado:
não como uma última tentativa da vida por ar;
mas ver, e
te observar como pela ciência das coisas que bastam.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

créé


não é de sua vontade
falhar a ternura dos meus caminhos,
bem sei, presumo;

havia o dia, havia a manhã,
o inevitável pela tua iminência 
e enxergá-lo como pelo fato de existir o leste

o que é escrito não te beija a face
o que silencias reescreve os poemas

me abraça:
conte a mim que cai a noite
na preferência das bússolas

segunda-feira, 23 de junho de 2014

está em ti


há algo inevitável 
no que aguarda a gravidade em ti

eu não sou sequer sei
eu não medi o que quer dizer te enxergar

quem sabe, por uma questão de verdade,
se possa reinventar a quem pertence a distância,

se possa questionar a primavera, seus propósitos:
a verdade está em ti

quinta-feira, 12 de junho de 2014

há algo sobre o modo



Há algo sobre observar
a fronteira do azul
que prevê a matéria do que desaparece,
e a pressa do que deve ser.
A chegada do vantagem, dizes,
procura liberar meu modo à geometria
do que juntos vimos a leste:

como abrir tua porta no verão sobre todas as coisas;
acreditar, embora, afinal,
a estupidez de vir o ver,
te enxergar o carinho míope das rotas,

beirar melhor o que ninguém descobre.

domingo, 18 de maio de 2014

prossegue A a B




se não bem te bastar ir pra frente,

o que eu posso te dizer
escorrega das tuas mãos
em potencialidade de futuro noutro.

o que presumo
é também o que o destino prossegue em ti, logo:

não te basta a rotação das formas
não te basta a conciliação das cores

envelheces como a noite tem sede pelo que não ainda lhe foi dito
cresces como se o falar causasse em ti

um ano torto,
a volta do que poderia ter sido,
a criação de novos inevitáveis.



Feliz aniversário, Lu! 

sexta-feira, 28 de março de 2014

JB

é talvez o último dizer o bastante em

fazer-te o barulho das árvores
como os relógios te lembram
sua ausência em tempos tão ausentes de realidade;

te peso como fechar os olhos ao sol
sinto teu ar como morrer um dia antes da primavera.

segunda-feira, 10 de março de 2014

é pontual a leste

é pontual o mapa dos homens em meu pensamento.

nem sempre a sombra repete o mar,
e não é sempre que dei voz aos condenados à morte.

a que oeste pertence a morte, então, se
explorar o que não nasceu
me dá vontade de falar dos oceanos?

seria melhor se, sem pedir nada,
alguma queima de roteiro acordasse nosso inverno;

e as nossas malas acordassem nosso futuro descomposto.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

a árvore e a floresta

?

a que recai
acordar do azul do teu, meu, nosso esquecimento?

a quem significa
ver teu rosto contra o céu,
tua enferma sanidade?

a que pretexto beijo
os ecos das conversas que não tivemos
e o peso do sol pelas próximas manhãs?