quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

la douleur exquise

Saio com meus envelopes em mãos,
não sinto a água batendo
no meu guarda-chuva azul violento que achei que pudesse significar algo

você observa os passos com cuidado;
nos meus pensamentos, quantas vezes você confessou seu ódio por poças na rua?

Enquanto você questiona o que farão
com a inúmera quantidade de gotas alagando as ruas

Sou movido em sentido contrário, você continua em frente;
nos movemos em direção às segundas-feiras e seus infinitos conseguintes

Ele finge saber pares de palavras
Eu lhe silenciosamente prometo que a vida o trate bem.

Voltarei em 10 min.

domingo, 8 de dezembro de 2013

dizer pirata

(photo by http://calcetin-verde.deviantart.com)

entre o que nos parece e o que é
decidi que encontramos um lugar pra encostar a cabeça.

quem sabe, por uma questão de verdade,
a manhã tem o mesmo movimento
do diferente que nunca te diriam.

sorri, gira a chave,
aqui é;
dois piratas e tudo que não foi nos dito.

sábado, 2 de novembro de 2013

foi porque sequer


[Imagem por http://debaratidas.deviantart.com] 

Se o tudo não passar disto,
foi porque sequer, talvez,
sequer porque algo recai no que pude
e de fato escrevi a ti
por direito de desenhar maior
o que eventualmente nunca poderíamos ser

então há, se existisse, sob repente,
a possibilidade de entender que atravessa teu sim
minha chance de te afastar dos meus próprios significados.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

pressa


eu
fácil como a ida do teu rosto a oeste,
último a sumir,
tão coerente quanto um passaporte em branco,

espero tua fronteira entre a manhã e depois,
sob o pretexto de enxergar
a caída da noite como tua própria pressa.



segunda-feira, 23 de setembro de 2013

norte



num dia excessivamente tardio
quando te concedi a  preferência das bússolas
quem, pensava eu, era capaz de arrancar
o que a nós próprios poderia ter sido


abaixe as malas!
esquece que eu não sei voltar

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

contarei que



contarei que
vem o coração dele,

e o seu amor me soa como a outra coisa
do voar das aves no ar mudo do seu pescoço

o correr das vias férreas
já me faz tanto tempo:

devo agregar teu poeta ao meu


terça-feira, 6 de agosto de 2013

ida ao convir



fonte

ao meu mover convém
tua própria falta de reis e rainhas,

fingir que a noite não vem,
ceder ao tempo sem assim

sábado, 27 de julho de 2013

alvo de minha urgência

Foi o desvio do teu causal
o recomeço da minha falta de planos:

por um segundo apenas
onde teu primeiro não passar de uma lembrança,

eu me tornarei
o peso de nossas próprias mãos vazias.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

provável



Ao que me restou de linguagem,
 proponho-me


e porque assim o proponho,
só o é porque minha incerteza é a desculpa de teu carinho,
a chance de minha possível realidade,
o incomum de nosso próprio provável.

domingo, 14 de abril de 2013

ser


fonte


o que eu quero te dizer
é uma linha entre dois pontos inexistentes

tudo tem tanto sentido
que já não há ninho pra morarmos

somos livres como o homem mais miserável
em mar menor

somos prováveis como o mais possível
em si menor

tanto somos
que pra sempre seremos

sexta-feira, 22 de março de 2013

nunca



teu sim e teu não
me atravessam como o dia atravessa o tempo
e o tempo atravessa o nada;

e eu finjo saber o que fazer
e no fim tudo que eu sei
é te ver partir.


(até o cessar da penúltima folha 
teu nunca habitava minhas raízes...)





terça-feira, 12 de março de 2013

linha de chegada



se realizasses meu destino
eu riria 
de teu último eco,
como o coração só se ri
da miragem da tua longa iminência


ah, se realizasses, nada seria eu;
foi meu próprio impasse que te nasceu azul;


o que seria se tudo tivesse sido?

sábado, 2 de março de 2013

destino




cá explicito:
dói tomar a dor por dois
julgar-me são quando não sei contar;

ímpar, par

nas mãos da criança do destino
que apenas quer brincar.



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

en route [vão primeiro]

amor,
teu verbo é o próprio mistério
se meu amar é uma ordem poética.

a minha gravidade aguarda
rimar em vão
a musicalidade da tua resposta.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

teu


nossa última alquimia, eis
um aquilo por isto
um dom por um tom


um poema por algum significado

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

alguma nota de esquecimento


o que faz de mim
ter eu achado que as teimosias do universo eram inaplicáveis
ao caminho nosso.


o que faz de mim senão o que me faço
enquanto teu passo acha outro compasso

amasso.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

um contrário



A consistência azul
é como te achar no sonho meu


e o céu repousa só;
perdera seus braços
-andarilhos a norte e, -

amado, eu morri sul.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

o azul primeiro



Eu tenho um plano:
tu escondes nas tuas estradas os significados das minhas linhas
e a tua felicidade é senão
maneira de dizer as asas do meu escrever


e porque
tudo se tornou quieto, tão quieto,

descanso no teu azul iminente.